Resumo: Transparência pública é um valor fundamental da sociedade moderna, um princípio para o aprimoramento da gestão governamental, para o pleno exercício da cidadania e para o desenvolvimento econômico e social. Em um mundo cada vez mais digital, a abertura de dados se tornou o motor da transparência, cujos benefícios têm sido amplamente evidenciados em inúmeros trabalhos, especialmente em relatórios relevantes como “A World that Counts”, da ONU, e “Data for Better Lives”, do Banco Mundial. Recentemente, verificamos que a abertura de dados pode se tornar uma questão de vida ou morte em tempos de crise, como ocorreu com a emergência sanitária provocada pela pandemia do covid-19. Todavia, a abertura de dados de interesse público vai muito além da simples disponibilização de arquivos para a sociedade e envolve um amplo espectro de desafios. Com ênfase nos problemas e oportunidades da gestão de dados, examinaremos os diferentes cenários da transparência por meio de dados abertos, desde a construção de plataformas ágeis à divulgação integrada de dados de interesse público por empresas e organizações privadas mediante regulação governamental. Abordaremos também como estão sendo superados alguns limites para o fortalecimento da transparência, particularmente quanto aos novos requisitos de abertura de dados para uso por programas de Inteligência Artificial e na questão da abertura de microdados sigilosos para análises e pesquisas acadêmicas, que podem alavancar novas frentes para a participação social na proposição de políticas públicas.

Biografia: Gabriela Ruberg é analista sênior do Escritório de Governança da Informação do Banco Central, com 25 anos de experiência em gestão de dados no setor público. Tem mestrado e doutorado em Engenharia de Sistemas e Computação pela Coppe/UFRJ, com um ano de doutorado sanduíche no INRIA – instituto nacional francês de pesquisa em informática. Liderou a implantação da política de gestão de dados do BC, premiada em 2018 com o “Central Banking Global Award” e referência para várias iniciativas semelhantes na administração pública. Entre os projetos de destaque, foi responsável pela implantação do Portal de Dados Abertos do BC, que contribui com o maior número de conjuntos de dados no portal nacional, e pela concepção e implantação do piloto da plataforma PIER, uma iniciativa pioneira com blockchain para o compartilhamento de dados sigilosos entre reguladores do sistema financeiro. Palestrante regular em eventos nacionais e internacionais, já colaborou com diversas instituições públicas e iniciativas em temas da gestão de dados, tais como a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA) e o Comitê Central de Governança de Dados da Administração Pública Federal. Atualmente está conduzindo a realização de um programa de formação em estratégias de governança de dados para gestores públicos, pela Escola Nacional de Administração Pública – Enap, em colaboração com a Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia. Faz parte da turma inaugural do programa Women´s Leadership Network in Brazil, da Columbia University.