A Computação está presente nos principais avanços em todas as áreas do conhecimento. Novas formas de interação entre as ciências, em vários níveis e escalas, são mediadas pela Tecnologia da Informação, que é a simbiose da Ciência da Computação com diferentes domínios do conhecimento. De fato, muitas das grandes descobertas científicas recentes são resultados do trabalho de equipes multidisciplinares que envolvem cientistas da Computação. A computação permeia todas as outras áreas nas suas várias formas de investigação científica, tais como, simulação, modelagem, monitoramento e mensuração. Pode-se dizer que a Computação revolucionou a pesquisa científica, sendo hoje reconhecida como o “terceiro pilar” a sustentar a pesquisa, junto com os pilares da teoria e da experimentação.

De acordo com os dados apresentados no documento de área da CAPES de 2013 em Computação (CAPES 2013), o Brasil é o quarto maior mercado mundial de tecnologia da informação e comunicação (TIC) e sétimo maior em tecnologia da informação (TI). A expectativa é que o país alcance a terceira posição em 2022. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), estima-se que o setor de TIC tenha movimentado US$ 233 bilhões em 2012 e que alcance aproximadamente US$ 430 bilhões em 10 anos. O setor emprega hoje 2,5 milhões de pessoas, sendo a expectativa de que esse número aumente em mais de um milhão de profissionais nos próximos dez anos. Segundo dados do MCTI, nesse mesmo período o mercado brasileiro de software deverá crescer cerca de 400%.

Esse cenário positivo gera demanda para formação de recursos humanos qualificados, exigindo planejamento e maiores investimentos. Além disso, para que o país alcance posições cada vez maiores em destaque internacional, é necessário um alto grau de inovação e pesquisa. Nesse sentido, é de interesse nacional a intensificação dos programas de pós-graduação que visem a formar mestres e doutores em Computação. Em particular, há uma demanda por profissionais da Computação cada vez mais capacitados em extrair conhecimentos a partir de grandes volumes de dados, os denominados cientistas de dados (DSC 2015).

Atualmente, pode-se dizer que diversas empresas urgem em contratar cientistas de dados. Elas estão imersas no dilúvio de dados (do Inglês, Data Deluge) (Berman 2008), onde há grande volume de dados, com diferentes tipos de informação em uma escala sem precedentes. Essa demanda por estes especialistas de ciência da computação está bem à frente da capacidade de oferta. O tratamento do dilúvio de dados sendo produzido pelas ciências e por bilhões de usuários de serviços de Internet globais se apresenta como um dos grandes desafios para a atual sociedade do conhecimento. No mundo empresarial, os cientistas de dados são peças fundamentais para abordar o cenário de Big Data (Jagadish et al. 2014). Eles são capacitados a estruturar esses dados e encontrar padrões de modo a aconselhar os executivos sobre as implicações para produtos, processos e decisões (Dhar 2013).

No entanto, a demanda pelos cientistas de dados é bem mais ampla. O dilúvio de dados apresenta-se, de forma geral, em múltiplas facetas, fato que vem impulsionando iniciativas em diversas áreas, além do mundo empresarial, no sentido de mais bem entendê-lo. Nas ciências, o dilúvio de dados apareceu como a expressão de uma nova maneira de investigação (Wright 2014), incentivando biólogos, astrônomos, físicos, e demais pesquisadores das mais diferentes áreas científicas a enfrentarem problemas computacionais na denominada e-ciência, que se tornam barreiras para as suas descobertas. No setor governamental, há oportunidades de se debruçar sobre imensas bases de dados do setor público com vistas a gerar planejamento mais eficiente bem como novos serviços que possam melhorar o atendimento ao cidadão. O cientista de dados, é portanto, um profissional capacitado, principalmente, na análise, interpretação e manipulação de grandes volumes de dados, de modo a trazer o método científico para os mais diferentes setores.

Neste contexto, o Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação (PPCIC) tem início com um mestrado stricto sensu (mestrado acadêmico). O PPCIC visa a formação de egressos capacitados para pesquisar, ensinar e desenvolver conhecimento científico e tecnológico na área de Ciência da Computação. Em particular, o programa tem uma ênfase na formação dos cientistas de dados, profissional com visão multidisciplinar, responsável por formular problemas sob uma perspectiva centrada em dados, transformando-os em conhecimento. O programa combina pesquisa básica com aplicada. Essa é uma característica presente no perfil dos pesquisadores do quadro docente atual e esperado para os futuros docentes a serem incorporados ao programa. Essa combinação estabelece uma estratégia promissora, uma vez que ao mesmo tempo em que se estabelece resultados teóricos que subsidiam a construção de novas aplicações para solução de questões práticas, os problemas práticos muitas vezes propiciam a elaboração de novos arcabouços teóricos. Essa abordagem adotada por nosso grupo está aderente ao processo multidisciplinar da Computação. O programa está inserido na área de conhecimento de Ciência da Computação e está organizado nas linhas Gerência de Dados e Aplicações e Métodos Baseado em Dados.